domingo, 14 de novembro de 2010

AS METAMORFOSES NO MUNDO DO TRABALHO

As metamorfoses no mundo do trabalho
 Ricardo Antunes

O capitalismo contemporâneo, com a sua reestruturação produtiva e sua ganância em gerar lucros traz mudanças ao mundo do trabalho. É possível observar uma múltipla processualidade colocada pela desproletarização do trabalho industrial fabril, verificada pela diminuição da classe operária tradicional e pela expansão do trabalho assalariado que se expressa por meio da ampliação do assalariamento no setor de serviços.
            A sociedade no capitalismo avançado apresenta como uma de suas marcas a heterogeneização do trabalho, um exemplo disso é a crescente incorporação de uma massa de trabalho feminino no mundo operário. Para além dessa heterogeneização do trabalho, tem-se ainda uma tendência a subproletarização de modo intensivo que aparece através do trabalho parcial, precário, informal, subcontratado, terceirizado.
            Uma das conseqüências inerentes às transformações ou mesmo metamorfoses no mundo do trabalho é a expansão do desemprego estrutural que se estabelece a nível global. Essas transformações também vão remeter a uma processualidade contraditória onde por um lado se reduz o operariado industrial e fabril e por outro ocorre um aumento significativo do subproletariado, do trabalho precário, e do assalariamento do setor de serviços em conjunto com a incorporação do trabalho feminino e exclusão dos mais jovens e dos mais velhos. Com isso, é observado um processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora.
            A tendência de redução do proletariado fabril, manual, industrial pode ser explicada por vários motivos, alguns destes são a instauração de um quadro recessivo, a própria função de automação, a implementação elevada da robótica e da microeletrônica. Esses são alguns dos fatores que propiciam a existência de uma elevada taxa de desemprego estrutural.
             É de suma importância considerar que a subproletarização acaba por fragmentar a classe trabalhadora em categorias distintas, mas, embora aconteça esta segmentação, são apresentados aspectos em comum, como por exemplo, a precariedade do emprego, e da remuneração, desregulamentação das condições de trabalho em relação às normas legais, regressão constante dos direitos sociais e ausência de proteção expressão sindicais.
            Há ainda, no interior da classe trabalhadora um processo de qualificação e desqualificação. A qualificação pode ser identificada pelas exigências do capitalismo neste contexto de acumulação flexível que aumenta os investimentos com o capital constante (tecnologia, maquinaria etc.) e diminui o investimento em capital variável, ou seja, com a força de trabalho. Deste modo passa a ser necessário a presença de “trabalhadores multifuncionais” ou polivalentes capacitados para responder as novas exigências e transformações no interior do processo produtivo, sendo necessário uma qualificação do trabalho, que se efetiva como um processo de intelectualização do trabalho manual.
            A desqualificação refere-se a dois aspectos. Um destes é a desespecialização do operário industrial advindo do modelo de acumulação fordista e o outro fator é o contingente de trabalhadores que oscilam entre os temporários, aos parciais, aos subcontratados e aos terceirizados (sem negar que existem também trabalhadores terceirizados que se encontram em setores ultra qualificados).
            Conclui-se então que o mundo do trabalho se submete a uma processualidade contraditória e multiforme e tanto a qualificação como a desqualificação acabam por exercer uma funcionalidade altamente importante para a lógica do modo de produção capitalista. E embora seja observada uma tendência a reduzir o número de trabalhadores dentro do processo produtivo, devido ao avanço tecnológico e científico, enquanto existir o capitalismo não será possível eliminar o trabalho humano gerador de mais-valia, elemento fundamental para o alcance de lucros ou mesmo superlucros para o capital.         
      
Marcelle e Aline

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